Em seu último vídeo no Canal Meio, Cora Ronái segredou a Pedro Dória que, embora seja cronista do Segundo Caderno do Globo, sente-se incapaz de escrever sobre cultura e arte, enquanto o cenário político que enfrentamos é este, caótico e triste. Senti-me um pouco menos culpada, já que esta minha coluna na sessão Vida e Lazer também deveria ser leve e descontraída, mas, sou impelida a manifestar, aqui, meu ativismo pela democracia.
Nesta terça-feira, como era de se esperar, o golpe prometido não veio. Havia muita gente nas ruas, houve tumulto em Brasília, muito vexame em vídeos, faixas expostas e até numa patética homenagem ao Queiroz, no Rio, e, claro, com o presidente cada vez mais isolado e fraco, o tal tropeço de que eu falei na semana passada limitou-se a verborragia, embora tenha avançado mais contra as instituições.
As reações na mídia e entre os demais poderes variaram bastante. A Globo bateu pesado, apresentando no JN os eventos do dia com uma tarja vermelha fixa “Atos antidemocráticos”. Fux também foi incisivo, defendendo a casa e alertando para o crime de responsabilidade do capitão. Lira fez um discurso morno, sem sequer repetir a ameaça velada do tal “botão amarelo”. De acordo com o Estadão, ele evita o impeachment, na esperança de cassação da chapa presidencial nas eleições de 2018, o que o colocaria na cadeira presidencial, ao invés do Mourão.
Até a conclusão deste texto, mais de 3 mil manifestantes permanecem na Esplanada ameaçando invadir o STF e caminhoneiros fazem bloqueios em ao menos sete estados. Os líderes das categorias negam a participação no movimento e pedem segurança à PRF, demonstrando que, ao contrário do que diz o procurado Zé Trovão, não estão com Bolsonaro.
Seria este o embrião da tal guerra civil que o nosso mandatário tanto almeja e pela qual vem trabalhando com tanto empenho?
Ah, se ele trabalhasse com o mesmo afinco pelo país que diz amar!
E esta crônica versaria sobre crianças encantadas com os cavalos no desfile.