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13/09/2022, 10:40

“Rio de contos” concede espaço e visibilidade na Literatura

por Felipe Lucchesi

Colunista: Felipe Lucchesi

Bárbara Cortese Caldas é Escritora, Idealizadora e Realizadora do “Prêmio Rio de Contos” que concede também um grande prêmio aos leitores, ao publicar o livro: “Rio de Contos“, resultado da premiação, reunindo 25 talentos promissores (de todo o Estado do Rio de Janeiro, interior, Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo, incluindo a própria capital) da Literatura, apresentando contos com temáticas focadas em narrativas negras, LGBTQIA+ e femininas.
O livro amplia vozes e acolhe pessoas e causas que são deixadas à margem na maioria das vezes.


Quem são?


As histórias são assinadas por escritores e escritoras: Aglaée Carvalho, Antonio de Medeiros, Camila de Araujo, Daiana de Souza, Dênis Rubra, Felipe Loureiro, Fernanda Bittencourt, Fernando Naxcimento, Gustavo Cunha, Henrique Bulhões, Jânderson Albino Coswosk, João Ricardo Campos, Kíssila Muzy, Luiz Henrique Romagnolli, Matheus Opitz, Máximo Lustosa, Rafael Amorim, Rafael Simeão, Raysa Blyth, Ricardo Gualda, Sueka, Taís Victa, Teresa Garbayo, Thais Carvalho Azevedo e Thiago Emanuel.


Prêmio Rio de Contos



O prêmio literário é idealizado por Bárbara Cortese Caldas realizado em parceria pela Mater Produções, FUNARJ e LER – Salão Carioca do Livro, tendo no júri: Eliana Alves Cruz, Marcelo Moutinho e do professor Leonardo Tonus da Sorbonne, em Paris


Entrevista Exclusiva


Felipe Lucchesi (Jornalista) – Como surgiu a ideia de criar Rio de Contos?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Trabalho com projetos relacionados ao livro, à literatura e à leitura há 17 anos. Em principio trabalhei com projetos de formação de leitores, e depois, já com mais de uma década de atuação, fui eleita para representar a cadeira de literatura no Conselho de Políticas Culturais do Estado do RJ, e logo em seguida para representar a cadeia criativa do livro no Grupo de Trabalho que elaborou o Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Estado do Rio de Janeiro (PELLLB RJ), que se tornou lei pela ALERJ no final de 2018.

A realização de todos esses trabalhos me exigiu viajar muito pelo estado do RJ, me disponibilizando sempre na escuta das demandas locais, e o número de pessoas que escrevem e sonham com uma carreira literária é enorme, o que me sensibilizou muito.  Daí a idealizar um projeto que trouxesse oportunidades reais tanto de formação e aperfeiçoamento quanto de projeção para essas pessoas, acabou sendo um caminho natural.

Felipe Lucchesi (Jornalista) – Desde o início já tinha esse título?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Sim, “Prêmio Rio de Contos” é um título que traz em si o espírito do nosso trabalho: um prêmio que é mais que um concurso literário, e que seleciona autores e autoras residentes no  estado do Rio de Janeiro, através dos contos que eles nos enviarem, para que estes sejam , ao longo de um trabalho de formação, tanto coletivo quanto individual, amadurecidos e reescritos para serem publicados.

Felipe Lucchesi (Jornalista) – A representatividade é atuante entre escritores e escritoras e nos próprios textos. Esse era o propósito ou ocorreu naturalmente?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Sim, esse era o propósito, começando com o tema para os contos enviados ser livre, justamente para termos essa diversidade de narrativas. E nosso corpo de jurados, composto por escritores consagrados, jornalistas e acadêmicos, recebe a orientação de selecionar pessoas do interior, da Baixada e do Leste Fluminense na região metropolitana do RJ e de todas as zonas da capital. São orientados também a selecionarem com o máximo de equilíbrio entre homens e mulheres, brancos e negros, pessoas de todas as faixas etárias (na primeira edição tivemos selecionados da casa dos 20 à dos 80 anos de idade) e com uma significativa representatividade LGBTQIA+. Tudo isso atrelado à qualidade literária do texto. É pedreira, uma conta complicada de fechar, por isso geralmente os 20 selecionados previstos inicialmente no regulamento têm sistematicamente aumentado para 25, e 26 nessa última edição.

É importante dizer que selecionamos contos, mas também pessoas.  

Felipe Lucchesi (Jornalista) – O relato de algum escritor ou escritora da obra reafirmou para você a necessidade de existirem mais livros, prêmios e propostas que insiram quem está começando no mundo literário?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – O tempo todo. Não apenas de mais livros, mas de mais ações que invistam na formação de quem escreve, que é perene e eterna. Recebemos também mensagens de escritores e escritoras de outros estados nos parabenizando e desejando terem também uma ação como o Prêmio Rio de Contos nos lugares onde moram.


Felipe Lucchesi (Jornalista) – Acredita que o Brasil ainda supervaloriza a literatura estrangeira e isso dificulta a valorização da literatura local?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Eu acho que o Brasil supervaloriza a cultura que vem de fora como um todo, e a literatura não foge disso. Contudo a literatura acaba tendo um desafio maior pela falta de políticas públicas para o livro e a leitura no Brasil. Somos, infelizmente, um país de maioria de analfabetos funcionais, o que deixa claro e gritante o nosso déficit em leitura como um povo.  Outra coisa que dificulta a valorização da literatura local, é a recorrência da valorização de nossos escritores e escritoras apenas depois de eles fazerem sucesso fora do Brasil. Mesmo quando havia políticas culturais sólidas nesse país, se formos comparar, por exemplo, o que se investiu no audiovisual com o que se investiu no livro, a disparidade, proporcionalmente falando, foi uma indecência, e no caso do livro, focou-se muita na tal da internacionalização da nossa literatura, o que, ao meu ver, é colocar a carroça na frente dos bois. Sou a favor de, antes de tudo, investirmos na nacionalização de nossa literatura, brasileiros e brasileiras lendo as escritoras e escritores daqui. Regionalização da nossa literatura, com as pessoas lendo o que tem sido escrito dentro ou ao redor de sua comunidade, seja a cidade, ou estado. E os espaços escolares e universitários são fundamentais nisso. Daí, a internacionalização acaba sendo um caminho secundário e natural. Mas para isso precisamos de boa vontade e sólidas ações políticas.

Felipe Lucchesi (Jornalista) – Quais dicas dá para quem tem o sonho de escrever um livro?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Increva-se no Prêmio Rio de Contos rsrsrsrsrs. Mas vamos lá: leia, leia, e leia. Leia antes, durante e depois de escrever. E escreva, escreva e escreva. E revise e reescreva. Leia os clássicos, mas leia gente viva, gente que está pensando esse nosso mundo de agora em toda a sua complexidade. E escreva cuidando para que as suas referências te inspirem mas não apareçam, não gritem no seu texto, e pra chegar nisso pode levar um tempo. O conselho é esse, seguir lendo e seguir escrevendo.

Felipe Lucchesi (Jornalista) – Lidar com novos autores e autoras é de alguma forma ver seu passado, no início da carreira como escritora, refletido nessas pessoas?

Bárbara Cortese Caldas (Idealizadora) – Não exatamente. Mas eu adoraria ter tido as oportunidades que o Prêmio Rio de Contos tem dado às pessoas. Talvez seja isso: fazer pelas pessoas o que teria sido precioso se tivessem feito por mim.

Ficha Técnica

Título: Rio de Contos
Organizadora: Bárbara Cortese Caldas
Editora: Mater
ISBN: 978-65-99419-1-7
Tamanho: 15 x 22 cm
Páginas: 208  
Preço: R$ 55,00  
Onde encontrarMater Produções (livro físico em pré-venda) e Amazon (versão digital).

 

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