Colunista: Felipe Lucchesi

Chico Sant’Anna é um ator brasiliense com nada menos que 40 anos de carreira, e estreando o seu primeiro monólogo semi-biográfico: “Saiba o seu lugar!“, em cartaz no Teatro Pequeno Ato, em São Paulo, capital.
A obra também comemora os 10 anos da Cia Plágio de Teatro e coloca a responsabilidade da direção nas mãos de Sérgio Sartório e o texto, nas de Santiago Serrano.
As vivências de Chico criam laços com o público e expõem as feridas e “guerras diárias” que são reflexos vindos de parte da sociedade, que ainda coloca pessoas pretas numa margem com capa de invisibilidade.
Racismo, violência psicológica e sexual e exclusão social caminham junto com o personagem principal, que num espaço intimista, possibilita olho-no-olho, ator e público.

Entrevista

Felipe Lucchesi (Jornalista) –  A Cia Plágio de Teatro é de Brasília e estará em cartaz com o espetáculo em São Paulo. Acredita que o famoso eixo cultural (Rio-SP) ainda é a validação necessária para ganhar visibilidade na própria cidade de origem?

Chico Sant’Anna (Ator) – De fato, existe muito mais afinidade da Cia. Plagio de Teatro com a produção teatral paulistana do que com a carioca e é sempre bem vindo o reconhecimento quando apresentamos em uma dessas praças, porém em nada interfere na nossa produção doméstica e na maneira como somos acolhidos em nossa cidade natal. Vale ressaltar que toda a nossa produção de repertório conta com o fomento da Lei Orgânica da Cultura – LOC, uma conquista dos brasilienses em prol da Cultura.


Felipe Lucchesi (Jornalista) –  Há diferença entre o público brasiliense e paulistano?

Chico Sant’Anna (Ator) – Brasília tem o privilégio de ter um público informado e antenado, por fazer parte de um dos maiores polos culturais do Brasil. Porém seria impossível comparar o público paulistano com qualquer outro público do mundo, por São Paulo ser uma referência mundial de criação e consumo de produtos culturais, com sede de grandes companhias e grupos brasileiros.

Felipe Lucchesi (Jornalista) – O espetáculo foi composto por vivências pessoais suas. Isso lhe deixa mais vulnerável perante qualquer crítica vinda do público ou profissionais da área?

Chico Sant’Anna (Ator) – Por mais que eu tenha conversado com o Santiago Serrano que não teria nenhum impedimento em usar o meu nome, ele brilhantemente transpôs essa estória para um personagem ficcional. Como Ator profissional, com 40 anos de carreira, essa relação com o público, hoje, para mim é única e exclusivamente fonte de troca e prazer. Não existe unanimidade.

Felipe Lucchesi (Jornalista) –  Ao subir no palco, tem como encontrar um equilíbrio, para que suas próprias vivências narradas na obra, não sirvam de “gatilhos emocionais” para você?

Chico Sant’Anna (Ator) – Complementando a resposta anterior, a técnica nos salva dessas armadilhas.

Felipe Lucchesi (Jornalista) –  Abordar tais temas, polêmicos e muitas vezes, censurados, mostra uma “conquista”, uma “evolução” ou sente-se perante uma sociedade que não está evoluindo?

Chico Sant’Anna (Ator) – A peça se trata de uma denúncia real de abusos sofridos, todos os dias, por milhares de pessoas. Creio que expor essa situação, possa servir como uma possibilidade da busca para uma saída ou cura, seja denunciando ou tendo coragem para enfrentar essa dura realidade.

Felipe Lucchesi (Jornalista) –  Como espera que o espetáculo reflita nas pessoas?

Chico Sant’Anna (Ator) – Espero que toque o público em relação a questões sensíveis a toda sociedade, porque temas como esses devem ser pertinentes não somente às vítimas.

Ficha Técnica

Texto: Santiago Serrano. 
Direção e tradução: Sérgio Sartório. 
Elenco: Chico Sant’Anna. 
Iluminação: Sérgio Sartório. 
Trilha sonora: Chico Sant’Anna. 
Cenografia e figurino: Chico Sassi. 
Produção: Deca Produções (André Deca) e Guinada Produções (Daniela Vasconcelos). 
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. 
Realização: Cia. Plágio de Teatro.

Serviço

Espetáculo Saiba o seu lugar!

Temporada: de 6 a 30 de outubro – Quintas e sextas, às 21h. Sábados às 18h e 21h. Domingos às 18h.Aos domingos, a sessão terá intérprete de libras e programas em braille.

Ingressos: R$30 e R$15.

Duração: 55 minutos.

Classificação etária: 14 anos.

Pequeno Ato – Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – Vila Buarque. Telefone: 11 99642-8350.

Bilheteria aberta com uma hora de antecedência. Aceita cartões. Não tem acessibilidade. Estacionamento vizinho.

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