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24/06/2021, 11:46

Só restará o 19 de abril

Bolsonaro disse, ainda em 2018, que se dependesse dele, não se demarcaria mais terra indígena no Brasil. Está cumprindo a promessa.Mais: desde que assumiu em 2019, desmobilizou a Funai que hoje se presta ao papelão de tentar coagir, via PF, a representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB, Sônia Guajajara, por críticas feitas ao governo federal na web série Maracá – Emergência Indígena, lançada em agosto de 2020. A Fundação também aprovou uma norma que permite a certificação de propriedades privadas em Territórios Indígenas não homologados, ou seja, naqueles em que falta apenas a assinatura do presidente para conclusão do processo de demarcação.
Não se poderia esperar nada diferente desse (anti)governo que mantém à frente da Fundação Palmares um sujeito para quem os movimentos negros são “escória” ou, pior, suspeitos por contrabando de madeira ilegal comandando o Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA.
Agora, volta à pauta, certamente como um aceno à bancada ruralista, o PL 490/07, de autoria do ex-deputado Homero Pereira (PR/MT), que prevê a possibilidade de retirar e explorar áreas do usufruto exclusivo dos indígenas e até forçar o contato de povos isolados, se for do interesse da União ou, ainda, caso os ocupantes percam seus “traços culturais”.
Tentando conter mais esta “boiada” que os parlamentares querem fazer passar enquanto as atenções estão voltadas à COVID, seus mais de 500 mil mortos e a péssima gestão bolsonarista desse caos, 850 indígenas de 45 povos estão em Brasília desde o início do mês em defesa de seus direitos, afetados direta ou indiretamente por este e mais outros cinco projetos, dos quais dois compõem aquela lista de prioridades que o Planalto encaminhou ao Congresso após as eleições para a presidência das casas legislativas.
O grupo já se envolveu em dois confrontos com a polícia e, embora em ambos haja controvérsia sobre quem atacou primeiro, não há a menor dúvida de quem deu início a essa guerra.