22/04/2021, 11:09
Sonhos!
Enfim, a CPI da COVID! Esquece a das Fake News, o cenário agora é outro. Bolsonaro não detém maioria no Senado e ao invés de picuinhas nas redes sociais, investiga-se uma política genocida, 370mil mortos. E é sobre essa catastrófica gestão da crise que se debruçarão esses onze senadores, dos quais, apenas quatro têm afinidade com o presidente. Este usa todos os recursos para barrar ou tumultuar os trabalhos, desde a eleição do Pacheco, que só cumpriu sua obrigação constitucional de abrir a CPI após determinação do STF, passando pelas tentativas de comprar algumas retiradas de assinatura e conseguir um adiamento das reuniões que seriam presenciais (pasme!!) pelo risco de contágio durante a pandemia. Com o quase total fracasso dessas artimanhas, ainda tenta colocar, em desacordo com a prática, seus asseclas nas posições de comando – presidência, vice-presidência ou relatoria. A expectativa é de que também esse ardil resulte infrutífero.
O fato é que, mesmo que o acordo com o Centrão sirva para evitar o impeachment, independente do quanto a culpa do capitão na matança fique evidente, os inquéritos, vastamente divulgados pela imprensa, servirão para enfraquecê-lo.
Pior. O imbróglio do orçamento fura teto mostra a fragilidade do apoio no Legislativo e abala a confiança do mercado, diminuindo Guedes.
Ainda pior. Por imposição do agronegócio e grandes empresas, irritadas pelas retaliações de todo o mundo às práticas predatórias do País, o governo se vê obrigado a defender a Amazônia, mudando o discurso que sempre tratou meio ambiente como pauta comunista. Os brios de Bolsonaro não doem por mais essa guinada forçada de posicionamento, porém, cada demonstração de fraqueza do Planalto aumenta o preço do apoio no Congresso, dificultando a permanência do Salles (penúltimo bastião da ala ideológica), e isso talvez abale aqueles 30% de aprovação constantes, deixando mais longe o sonho da reeleição em 2022.
E é isso que nos permite voltar a sonhar.