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27/08/2020, 17:02

Vidas lésbicas importam

A sociedade patriarcal se sustenta por um sistema de ideias intrincadas, opressoras e hegemônicas, que busca a todo custo se disfarçar como uma questão natural, não como a ideologia que é. Uma das ideias patriarcais, que ele busca naturalizar, é aquela de que mulheres devem servir de complemento dos homens, como se a heterossexualidade fosse natural, não só uma das várias possibilidades de se viver a sexualidade. A ideia, damos o nome de heterossexualidade compulsória ou heteronormatismo, e uma de suas consequências é a de que a mulher torna-se a única responsável pelo cuidado da casa, das crianças, dos idosos, dos homens. Praticamente se torna um objeto, um bem do homem e da família.

            É claro que nem toda mulher se conforma com esse destino pré-determinado e tão limitante. O feminismo é consequência da indignação de muitas de nós, que queremos construir nossa própria história e decidir sobre nossos próprios corpos e seres. Mas para algumas, a inconformidade com o padrão estabelecido pelo patriarcado é mais perceptível. É o caso das lésbicas, por exemplo.

            Numa sociedade que trata a nós, mulheres, como acessórios, não como pessoas completas por si mesmas, é revolucionário amar nossas semelhantes. Dessa forma, comprovamos ser desnecessária a presença de um homem para que sejamos felizes e obtenhamos prazer.

O patriarcado e seus agentes, as pessoas machistas, no entanto, não toleram essa situação de forma pacífica. Segundo o Dossiê do Lesbocídio (assassinato motivado pelo ódio a lesbianidade), produzido pela pesquisa Lesbocídio – as histórias que ninguém conta, de 2014 a 2017 houve um aumento de 237% nos casos de assassinato contra lésbicas no Brasil, crimes motivados por conta de sua orientação sexual. No ano de 2018, só até agosto, o mesmo grupo de pesquisa contabilizou mais de 100 assassinatos lesbofóbicos.

            Portanto, políticas de combate à lesbofobia, associadas à valorização da diversidade de gênero e de orientações sexuais, são extremamente necessárias. Mais do que a responsabilização dos agressores, é fundamental ensinar, desde a escola, que nenhuma pessoa pode ser vítima de discriminação e violência.

Para debater essas e outras questões, o coletivo da 16ª Ação Lésbica Feminista do DF e Entorno realizará, em parceria com o deputado distrital Fábio Felix (PSOL), uma audiência pública para exigir do Poder Público que promova de fato a cidadania para a população de lésbicas, em conjunto com o movimento social. Se você compõe a comunidade LGBTI+, possui familiares que a compõem ou mesmo reconhece sua responsabilidade em contribuir para uma sociedade sem opressão, assista pelo canal de YouTube da Câmara Legislativa do DF, no dia 27/08 às 19h.

 

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