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06/08/2020, 11:53

Viva o Ambulatório de Atenção Especializada a Pessoas Travestis e Transexuais. Viva o SUS!

No próximo dia 17 deste mês de agosto, o nosso querido Ambulatório Trans completará seus três anos de existência e atendimento a travestis e demais pessoas transgênero. Esse serviço de saúde é resultado de muita luta por parte do movimento de pessoas trans/travestis e de servidores públicos, aliados na luta por direitos sociais para todas as pessoas. Ano passado, ganhou até documentário, chamado AmbulaTório, apresentado no Festival de Cinema de Brasília e produzido por estudantes da Faculdade de Comunicação Social da UnB, sob direção de Júlia de Lannoy.

            Eu, enquanto travesti assistida pelo Ambulatório, sempre me emociono ao pensar no que ele significa para minha trajetória. Em 2016, eu não recebia assistência alguma relativa à minha transição de gênero, porque os serviços privados, em geral, não têm qualificação para isso. Foi só no Ambulatório que encontrei uma equipe de profissionais dedicadas/os, competentes, sempre abertas/os a aprender mais e garantir o direito à saúde para uma população tão subalternizada pela TRAfobia, que é o preconceito que acomete pessoas trans/travestis. Foi no Ambulatório que consegui enfrentar a depressão e a ansiedade, além de conhecer outras pessoas trans que se tornaram companheiras importantíssimas para mim, num mundo que impõe que pessoas como nós só possam conviver na rua, nos guetos.

            Nem tudo, no entanto, são flores. Ainda que seja tão fundamental para nossa saúde física e mental, o Ambulatório sofre pelo desleixo do Governo do Distrito Federal (GDF). Ainda que já tenha atendido a cerca de 500 pessoas, o Ambulatório conta com um quadro profissional insuficiente e, por isso, várias pessoas que precisam do atendimento ficam sem acesso, por falta de condições estruturais. Há pouco tempo atrás, a unidade contava com somente dois profissionais de Endocrinologia, especialidade médica fundamental, pois atua para que nossa transição hormonal ocorra de forma segura e sadia. Ainda assim, no final de junho, um deles foi removido da unidade.

E não para por aí. Os profissionais de todas as especialidades dispõem de pouquíssimas horas no Ambulatório, pois cumprem a maior parte de suas cargas horárias em outros serviços de saúde. E nesses três anos, o Ambulatório nem mesmo foi institucionalizado na estrutura da Secretaria de Saúde, o que o deixa suscetível às vontades políticas e ao desprezo do GDF.

            Nosso Ambulatório nasceu da luta e, com muita luta, conseguiremos que seja reconhecido e valorizado pelo governo. Lutamos para que os profissionais possam se dedicar exclusivamente às nossas especificidades, precisamos do nosso endocrinologista de volta, de mais psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. Precisamos que algum hospital do DF seja capacitado para realizar cirurgias de redesignação genital. O SUS é de todas e para todas as pessoas, porque nossas vidas importam!

 

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