06/05/2021, 17:39
Voto Impresso
Está no ar uma Consulta Pública do Senado sobre o voto impresso em 100% das urnas (SUG 9/2018), uma das teclas mais batidas por Bolsonaro, desde sempre.
Opositores à ideia defendem a a inviolabilidade das urnas, a segurança do processo no TSE, que dispensaria o empenho de recursos extras para a medida, considerada um retrocesso.
Por outro lado, penso que a adoção de um recurso de auditoria dos resultados poderia ser útil para acalmar os ânimos e silenciar as acusações de fraude eleitoral que o presidente fará, se derrotado, pois, desde 2018, insiste nesse argumento, garantindo ter vencido o pleito com mais votos, talvez em primeiro turno.
Obviamente, a impressão de todos os votos, como proposto, envolveria, além dos custos de alteração nos sistemas, gasto com impressoras e papel e, havendo a demanda pela auditagem, pessoal qualificado para fazê-lo.
O ideal é que houvesse uma verificação de parte das urnas que, auditadas por amostragem, refletiriam a situação de todas as demais.
A dúvida é: isso bastaria? Provavelmente, não. Nos Estados Unidos só existe voto impresso e houve convulsão social com a vitória de Biden. Provavelmente, nosso atual mandatário, derrotado, de nada valendo quaisquer mecanismos de revisão, tentará manter-se no poder por meio do tumulto, apoiado por cidadãos que, por decreto, ele logra armar.
A propósito, mais um motivo para rejeitar a ideia: o estatuto do desarmamento, que é um excelente exemplo de que, quando de sua regulamentação, a lei seria corrompida para atender ao Planalto e permitir, por exemplo, que o eleitor saia com o voto na mão, municiando patrões, chefes do tráfico e da milícia ao voto de cabresto.
De qualquer modo, por inconstitucional, a proposta não será aprovada, e Bolsonaro sabe disso.
Ainda assim, permanece instigando seus seguidores nessa batalha perdida, numa espécie de conclamação antecipada para manter o apoio de sua massa, posando de injustiçado caso não se reeleja em 2022, o que parece cada vez mais provável.