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26/08/2020, 12:10

Agosto, o mês das lutas lesbianas.

por Lucci Laporta

Desde a década de 1960, o Ferro’s Bar era um importante ponto de encontro da comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT), mas em especial das lésbicas, na cidade de São Paulo. Ali, a arte e a cultura dessa comunidade podiam se expressar com um pouco menos de preconceito do que em outros ambientes, porque ela estava unida.

No entanto, em 1983, os donos do Ferro’s Bar, que lucravam há anos com o dinheiro dessa clientela, quiseram impedir a distribuição do Chana com Chana, boletim editorado pelo Grupo de Ação Lésbica Feminista (Galf) e voltado para o público lesbiano. As militantes do Galf, por sua vez, não permitiram que esse ato de censura e de lesbofobia passasse sem resposta.

            No dia 19 de agosto daquele mesmo ano, ainda sob o brutal regime de ditadura civil-militar, o Galf protagonizou um dos mais importantes episódios da luta contra a lesbofobia no Brasil. Resistindo à censura dos donos do Ferro’s, organizaram um levante que recebeu apoio de outros grupos feministas, não diretamente ligados à pauta lesbiana, mas solidários com todas as frentes de luta contra o patriarcado. Essas militantes, unidas em luta, conseguiram mostrar que a força do seu orgulho era muito maior do que a censura e o preconceito. Politicamente derrotados pelo movimento social, os donos tiveram que aceitar a continuidade da distribuição do boletim lesbiano, ou perderiam a maior parte de sua clientela.

            A ação protagonizada pelo Galf ficou marcada, pelo movimento lesbiano brasileiro, como o “Stonewall brasileiro”, em referência ao levante da comunidade LGBT ocorrido em Nova York, no ano de 1969, contra a violência policial.        E a cada ano, a partir de então, se comemora no dia 19 de agosto o Dia Nacional do Orgulho Lésbico, para que se guarde sempre na memória a luta das que vieram antes e prepararam o terreno para que, hoje, a lesbianidade seja vivida com um pouco mais de liberdade e direitos.

O movimento lesbiano ainda tem muito pelo que lutar, no entanto. E nas próximas publicações da Coluna Pajubá, tratarei da próxima de data de luta lesbiana, o Dia Internacional da Visibilidade Lésbica, ocorrido anualmente ao dia 29 de agosto, das lutas atuais por direitos ainda não conquistados, da violência sofrida pelas lésbicas, do hegemonismo de homens gays cisgêneros dentro do próprio movimento LGBT e dos novos debates que surgiram nos últimos anos.

            Se sua família é composta por uma ou mais lésbicas, se você tem amigas com essa orientação sexual, se você se preocupa em contribuir com um mundo mais afeito ao respeito às diversidades, não perca, também, a oportunidade de acompanhar os debates virtuais que ocorrerão este mês, organizados pela 16ª Ação Lésbica Feminista do DF e Entorno (veja pelo Instagram: @acaolesbicadf).

 

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